Inundações no Paquistão: emergência está longe de terminar

População ainda sofre os impactos das enchentes que começaram em junho do ano passado; MSF está observando número alarmante de pacientes com malária e crianças com desnutrição.

Foto: Asim Hafeez/MSF

Médicos Sem Fronteiras (MSF) está observando um número alto e alarmante de pacientes com malária e crianças com desnutrição entre as comunidades afetadas pelas inundações na província de Sindh e no leste do Baluchistão, no Paquistão.

As inundações catastróficas começaram em junho, e a situação continua a ser uma emergência, com necessidades humanitárias críticas. A resposta atual é inadequada, e as necessidades básicas das pessoas que vivem nas áreas mais afetadas pelas inundações, como acesso à assistência alimentar essencial, aos cuidados de saúde e à água potável, permanecem não atendidas.

 

Resposta de emergência de MSF em Sindh e no leste do Baluquistão

Em Sindh e no leste do Baluchistão, as equipes de MSF estão observando um grande número de pessoas que precisam de tratamento para a malária. Apesar da estação mais fria em curso no momento, quando espera-se que as taxas de malária passem a diminuir, continuamos a ver resultados positivos para malária de 50%, durante dezembro, em pacientes examinados em nossas clínicas médicas móveis. Desde outubro, tratamos mais de 42 mil pacientes.

Foto: Zahra Shoukat/MSF

As inundações destruíram extensas áreas de plantio e gado, que representam a principal fonte de subsistência para muitas comunidades. Em nossas clínicas médicas móveis no norte de Sindh e no leste do Baluchistão, MSF já está testemunhando números alarmantes de desnutrição aguda.

 

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Desde o início de nossas atividades nessas regiões, examinamos um total de 28.313 crianças para desnutrição em nossas clínicas médicas móveis. Desse total, 23% (6.489) tinham desnutrição aguda grave e 31% (8.738) tinham desnutrição aguda moderada, compreendendo mais da metade das crianças que chegaram às nossas clínicas.

 

“Ainda estamos em uma fase de emergência”

Estamos meses nesta resposta, e nossas equipes em Sindh e no leste do Baluchistão ainda veem pessoas vivendo em tendas e abrigos improvisados. Nestes meses de inverno [de dezembro a março], as pessoas estão se tornando mais vulneráveis. Enquanto o foco está mudando para a recuperação e a reconstrução, uma resposta humanitária ampliada para atender às necessidades imediatas das pessoas se mostra ausente. Em dezembro, nossas equipes médicas continuaram a ver altas taxas de malária, desnutrição aguda e infecções de pele. Organizações humanitárias e agências governamentais envolvidas na resposta não devem esquecer que a situação continua crítica”, diz Edward Taylor, coordenador de emergência de MSF no Norte de Sindh e no leste do Baluchistão.

Foto: Zahra Shoukat/MSF

“Nas áreas onde estamos trabalhando, a água ainda não recuou, e as necessidades médicas e humanitárias de emergência permanecem altas. As pessoas precisam urgentemente de acesso à assistência alimentar, à água potável, aos cuidados de saúde e a abrigo. Ainda estamos em uma fase de emergência”.

Equipes de emergência de MSF estão administrando clínicas móveis e equipes de combate à malária, que visitam mais de 50 locais por semana nos distritos de Dadu, Jacobabad e Shahadat Kot (província de Sindh); e nos distritos de Jaffarabad, Naseerabad, Sohbatpur, Jhal Magsi e Usta Mohammed, no leste do Baluchistão. Até agora, fornecemos cuidados médicos básicos para mais de 92 mil pessoas, principalmente para doenças de pele, malária, infecções do trato respiratório e diarreia.

 

Retorno a casas destruídas e fontes de água contaminadas

Aqueles que retornam aos seus vilarejos estão encontrando casas e terras destruídas, ainda cercadas por água estagnada. A perda devastadora de casas e pertences afeta a saúde mental das pessoas, bem como seus meios de subsistência. As equipes de MSF estão oferecendo primeiros socorros psicológicos e sessões de aconselhamento em grupo para apoiar as pessoas durante esse período extremamente difícil.

Enquanto isso, aqueles que permanecem em acampamentos e abrigos informais enfrentam a ameaça do inverno. MSF continua a adaptar sua distribuição de itens não alimentares para a temporada com cobertores adicionais para o inverno. Nas últimas duas semanas, seis mil famílias receberam esses pacotes de assistência.

Em Sindh e no leste do Baluchistão, muitas pessoas cujos vilarejos estão agora acessíveis descobriram que as fontes de água ainda estão contaminadas e que devem obter água potável de áreas distantes. Plantações e lojas de alimentos foram destruídas, o gado morreu e os campos não estarão prontos para a próxima temporada de plantio, aumentando o risco de mais insegurança alimentar.

Equipes de MSF continuam fornecendo água potável para comunidades rurais; mais de 20 milhões de litros fornecidos até agora. Os profissionais também ajudaram a distribuir 15.973 kits de higiene para famílias de áreas remotas afetadas por inundações.

“Garantir comida, água, saneamento, cuidados de saúde e abrigo adequados deve ser uma prioridade para a resposta internacional e nacional às inundações catastróficas no Paquistão”, completa Taylor, “muitas pessoas nas áreas afetadas têm necessidades imediatas e urgentes que não podem esperar”.

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